15.4.07

Joyce de toalha estendida

Domingo de muito sol, o parque no Weinbergsweg faz lembrar a praia da Caparica em Agosto. Demoro um bocado a encontrar um espacinho para a minha toalha e lá me sento, um pouco desconfortável, é certo, mas aguento-me à bronca - é que eu costumava ser morena. Abro o Ulisses, torro ao sol, de repente apercebo-me de que não trouxe isqueiro e isso é uma grande chatice porque não gosto nada de pedir lume a gente desconhecida. Concentro-me no Ulisses, ainda vou no capítulo 9, deve ser o capítulo mais aborrecido de toda a história literária, a ver se é hoje que chego ao 10. Toda a gente me olha com muita admiração quando eu digo que estou a ler o Ulisses e a notícia tem-se espalhado de uma maneira parva, se tivermos em conta que isso não faz de mim uma pessoa mais inteligente, pelo contrário, enquanto leio as minhas 10 páginas diárias (àparte o grande desleixo no presente capítulo) sinto-me como um burro a olhar para um palácio, mas isto, bom, ninguém precisa de saber. Quando dois tipos resolvem jogar ao Frizbee ao pé de mim e eu começo a temer pela minha vida, vou-me embora, arrumo a toalhinha no saco e preparo um cigarro (o plano é entrar no Gorki Park, roubar uma caixinha de fósforos e fugir). Há coisas que são escusadas. O frizbee, o isqueiro em casa e as benesses bancárias destinadas aos jovens portugueses. É que segundo o que lá diz, eu já não sou jovem. Sinceramente.

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