6.4.07

Crónica de Postbahnhof uma semana depois

Dirigi-me ao lado esquerdo inconscientemente. Nunca vou para o lado esquerdo, se no lado direito consigo arranjar um espacinho longe de alemães gigantes. Não sei porquê, deve ser como a história de, quando tomamos banho, se nos começamos a lavar pelo peito, significa que somos pessoas auto-confiantes. Yeah, right.
Desta vez não estava lá com muita vontade de estar ali. Deve ter sido a primeira vez que fui a um concerto, para o qual comprei um bilhete, e não tinha vontade de ir. Enquanto ouvia a primeira banda, uma porcaria yankee com nome mal pronunciado por eles próprios, avaliava o novo tamanho do sítio. Devem ter remodelado isto para os Arcade Fire. E depois, olhem, boca. Quem manda serem gananciosos.
Mudei de sítio, fui para o lado direito, como sempre faço, dizem as estatísticas que os vocalistas têm tendência para cantar sempre para esse lado, deve ser para se equilibrarem com a guitarra, o pior é se o gajo não toca guitarra, mas foi um suplício. Nunca vi tanto alemão grande junto. Devo ter mudado de sítio umas dez vezes. Entschuldigung, entschuldigung, dêem só um jeitinho. Foi complicado, mas consegui. Avistei um grupo de amigos tão pequenos como eu (não, mais pequenos do que eu, ainda é possível) e colei-me a eles. Super cola 3. Ainda se chegaram dois brutamontes para o pé de mim, mas eu, com o jeitinho que só tenho quando quero, toquei no ombro de um
- Olha, tu és um bocadinho alto...
e ele chegou-se para o lado. Um querido, um querido.
No fim, acaba sempre por correr tudo bem. Pena ser só no fim, pena que o concerto tenho sido sofrível. As músicas soavam como se as estivesse a ouvir em casa e a única que tocaram de uma maneira diferente, foi a única que não deviam ter alterado, especialmente porque a música mais fixe não se toca em versão acústica, não, não, não. Esta gente ainda tem muito que aprender, mas ok, ainda há três anos estavam a tocar para 120 pessoas e agora já enchem a Postbahnhof.
Não era que não estivesse nos meus dias. Não estava, mas isso pouco tem a ver. A verdade é que ir ver The Shins ou qualquer coisa pouco a abrir depois de um concerto cancelado de Arcade Fire, é uma falsa ilusão de compensação.

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